Dom da vida

Desfruto o dom de amar a vida

como é bom este borbulhar de prazer!

magia sem mágica sem truques

é pura a alegria em brilho e dança

bailo a alma nas nuvens

e vejo a natureza toda entregue

uma conspiração para o meu deleite

sou leve pluma sou um sopro

nem a claridade me ofusca

nem a noite me cansa

quero injetar no mundo

uma dose desta alegria que transborda

champanhe em taças de cristal

comemoro o dom, o dom da vida

O Paraíso vem

Está a porta o Salvador

apocalipse se cumpre

os sinais estão aí

o mundo se afunda

em maldades e disseminação

de novos valores

sepulta-se o velho arcaico

e nasce aos borbotões 

pensamentos e comportamentos

tão longe dos tabus antigos

a cada segundo surge algo 

e nem temos água para engolir

não há mais sapos 

agora engolem-se cobras

e vomitam-se veneno por

vias de olhares e palavras

até o pensamento está em curto

E haja força em nossa vontade

de ter de volta o Paraíso

que venha logo, não demore!

Atalhos

Não pego atalhos

não tenho pressa...

as coisas acontecem

está tudo sob controle

nos meus dias fartos

sinto-me leve!

Pluma, que o vento sopra

e não se perde

e como é bom ser leve!

Não sinto cansaço

tenho jugo suave

adorno os dias com

sorrisos...

Espaços

E as linhas em branco

são amnésias... de futuro

sigo um nada sem cor

preencho de vida

a medida do desejo

na proporção da realidade

deixo originais espalhados

e o espaço é uma porta

de entrelinhas e mistérios...

Se possível...

Colha flores

se perfume

abra as janelas

respire...!

Seja você

sonhe acordado

erre e concerte

chore e se emocione

Dê-me a chance

de ser eu

neste infinito

sentimento...!

Verdades!!

Não posso ser a dona da verdade

porque nem sempre a conheço

ela pode ser uma velha ranzinza 

ou uma criança birrenta ou quem

sabe pode ser o incauto ou o cauteloso

pode ser que seja a vizinha ou a madrinha

até mesmo o palhaço em seu descaso

e são tantos os donos da verdade

como são inúmeros os chefes

e a verdade se diz daquilo que se conhece

então é limitada sem extensão

ora decerto vivemos uma ilusão

se verdades são ilhas onde serão as pontes?

vai ver na compreensão moram

no respeito se cruzam e se aceitam

e nos olhos seja o ponto de decisão

sei lá...nem sei se são verdades 

o que vejo nas entrelinhas

sei não...

Dia 

Este dia sem poeira

liso feito seda...

despertou em mim pássaros

e agora... livre voo

encontro motivos e sóis

Ah senilidade! vais embora

sou jovem ainda, alvoreço

Tenho manhãs, tenho luz

e os pássaros estão livres 

Instante...

Perde-se o instante em demasiado zelo

na previsão de coisas que se vão

mais vale o momento de um respirar

no aconchego da vida se entregar

as pedras são calçadas para andar

e nos labirintos há escolhas a fazer

as múltiplas opções nos empolgam

e no velejar segue a maré em altas

e baixas sem ondas a marulhar

sem certo ou errado a marcar

apenas... um barco em alto mar

Começo

Finda-se o dia 

entregue ao crepúsculo

em leito há estrelas

e um finito olhar

nesse infinito universo

o homem recolhe-se

repousa o cansaço

e à noite...refresca a terra

os grilos cantam à noite

e o orvalho desce invisível

...banhando a natureza

logo... começa a aurora

 nos olhos do poeta,

 nos versos a nascer