quinta-feira, 23 de julho de 2015

Inquilinas






                             

Inquilinas


...No pé do muro
o banquinho de madeira
já empoeirado
deserto de dono
neste exato momento
é invadido de pernas
e nele
 as aranhas tecem
rede elástica
e andam faceiras
puxando fios
bordam daqui
bordam dali
e formam figuras
em degrade
alheias do homem
agora ausente
preparam a casa
 amarram tramas
e surge uma arte
delicada em fios
e as pernas esguias
deslizam...
elegantes e leves
 o banquinho outrora
lustrado e amado
agora jaz empoeirado
e todo emaranhado
de aranhas
 de estranhas
e o menino
 vê-se encantado
e nas horas findas do dia
fica a olhar emocionado
pois não há de ver
que os fios são dourados
e aquela aranha
 tão exibida
 se veste de verde
    e listras amarelas...


Um comentário:

  1. Nem preciso dizer que o poema é lindo, né, Aina.
    Parabéns!
    Talvez você não tenha se dado conta que foste uma exímia fiadeira nesse poema, dado que desde a mitologia grega, Minerva, a deusa das artes, para competir com Aracne, famosa tecelã, na confecção de um tapete, e por isso transforma esta última em aranha. Por isso, os poetas sempre usaram, assim como você fez também, os fios das rocas, teares, aranhas, para representar o fio da vida ou do texto.
    Saudoso abraço!

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